Roberto Magalhães

Roberto Magalhães
 

Rio de Janeiro 1940

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Em 29 de Março de 1940 Roberto nasce na Praia da Ribeira, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Cresce junto ao mar e ao cais, brincando com os amigos de alcançar a nado ilhotas distantes, efetuando longos passeios de barco e bicicleta. Aos nove anos ganha de seu pai uma caixa de tintas e pincéis, levando-a para a rua em frente à sua casa. Observa o movimento de seus moradores e pinta sua primeira tela: uma cachoeira! A partir de então não para mais de desenhar. Aos dez anos faz cartões ilustrados, que vende para realizar seu sonho de menino- o de ter uma fazenda. Aos doze, envia desenhos para o jornal do bairro que publica A Barca da Cantareira. Aos quatorze, começa a produzir semanalmente para o jornal da sua escola, o Colégio São Bento, caricaturas dos professores e alunos. Quando completa dezesseis anos decide parar de estudar, querendo dedicar-se exclusivamente ao desenho. Inicialmente ingressa na gráfica do tio, onde faz rótulos de garrafa e pequenas propagandas. Dois anos depois é contratado por uma agência de publicidade para fazer capas de discos, livros e logotipos. Porém, aos vinte e um, mais uma vez interrompe qualquer atividade alheia à sua vocação, decidindo que o desenho vai ser o fruto, apenas, de sua arte. Em 1961 começa a frequentar a Escola Nacional de Belas Artes, assistindo alguns cursos na qualidade de “aluno ouvinte”. Após alguns meses pede para expor seus trabalhos, desenhos a nanquim, na Galeria Macunaíma, anexa à Escola. Ele mesmo cuida de todos os detalhes: coloca os desenhos na parede e abre a porta para o público, começando assim sua primeira exposição individual e sua longa carreira. De 1963 a 1965 participa de várias exposições, tornando-se aos vinte e cinco anos um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que fizeram a revolucionária exposição “Opinião 65”, no Museu de Arte Moderna, MAM, Rio de Janeiro. Junto com Antonio Dias, Vergara, Rubens Guerchman e outros artistas de vanguarda que se destacavam na época, traz uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil. Em meados de 1966 ganha o cobiçado prêmio de viagem ao exterior do “XV Salão Nacional de Arte Moderna”, no Rio de Janeiro, com a xilogravura “Edipo decifra o enigma da esfinge” . Faz também uma individual de aquarelas no Museu de Arte Moderna e, além de participar em outras coletivas, começa a mostrar suas gravuras em exposições no exterior. Em 1967 fixa residência em Paris, vivenciando a efervescência política que antecede Maio de 68 na França e os Beatles, na Inglaterra. Participa de outras exposições no Brasil e no exterior, mas prefere voltar ao seu país dois anos depois, para nele concentrar seus trabalhos e mostrar sua obra. Em 1969 os questionamentos e a inquietação presentes na vanguarda da sua geração levam-no a procurar respostas no universo místico e começa a estudar ocultismo e teosofia. Quando descobre a meditação e a doutrina budista abandona a sua produção artística para ajudar construir o Centro de Meditação da Sociedade Budista do Brasil, onde passa a residir nos próximos quatro anos. Ali, durante os dois primeiros anos, ao invés de pincéis, trabalha com pedra, cimento, tijolo. Nos dois anos seguintes dedica-se somente à meditação e então, ao término deste período, aceita o cargo de Presidente da Sociedade. As tarefas práticas relativas a liderança do centro de meditação não condizem com seu temperamento introvertido e lhe trazem de volta a sua verdadeira vocação: a arte. Inicia um novo momento, sentindo que precisa expressar seus sentimentos e sua visão de mundo através do meio que lhe é familiar: a pintura, os desenhos. Deixa o centro de meditação retomando a sua arte, que passa a mostrar influencias da experiência mística. Como ele mesmo disse sobre o seu retorno: ” no princípio foi difícil, mas fui dominando, dominando, até me condicionar novamente à pintura”. Neste período escreve quatro livros de contos fantásticos, registrando em fichas e cadernos manuscritos e ilustrados, estudos de ocultismo, teosofia, cabala, astrologia, alquimia e informações sobre medicinas alternativas. Em 1975, há oito anos sem expor, recomeça sua vida artística mostrando seus trabalhos e dando aulas no Museu de Arte Moderna. Com o estilo que lhe é próprio, além dos trabalhos esotéricos seu trabalho também mostra figuras humanas, cidades, animais e plantas em imagens fantásticas que desnudam o cotidiano com humor e ironia. São várias as técnicas: lápis de cor, bico de pena, aquarela, litografia, xilogravura, pintura a óleo. Em 1982 casa-se com Elizabeth Cabral residindo com ela e suas duas filhas, na casa-ateliê de Santa Teresa, bucólico bairro do Rio de Janeiro. Fazem juntos algumas viagens para a India, pátria da espiritualidade e esoterismo, mas seu interesse agora concentra-se na história das civilizações, na arqueologia. Passa a dividir seu tempo entre a vida urbana e o silêncio da montanha na bela região do Vale das Flores, próximo a Visconde de Mauá, onde constrói um ateliê descortinando a imponente Pedra Selada, na Serra da Mantiqueira. Em suas exposições já não estão presentes os símbolos esotéricos. Definitivamente é o homem, com seus instintos e expectativas, seus desejos e sentimentos que aparece retratado num universo imaginário que integra razão e emoção, espontaneidade e meticulosidade. Cinco anos depois, em 1992, após outras exposições individuais, o Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro promove a maior exposição do artista até então mostrada ao público, fazendo uma retrospectiva da obra nos ultimos 30 anos. Visitada por milhares de pessoas, esta exposição coloca Roberto como um marco de referência na gravura, no desenho e na pintura, enfim, nas artes plásticas contemporâneas do Brasil. Em 2000, o Instituto Moreira Salles presente em algumas cidades do país mostra parte do vasto acêrvo de desenhos do artista, numa exposição itinerante que dura dois anos. Alguns trechos da entrevista presente no catálogo ilustram quem é mais de perto o ser humano por trás das formas e imagens presentes em seus ultimos trabalhos.

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